BEIJING, 21 de ago de 2014 às 10:31
O governo chinês anunciou que aumentará seus esforços para promover e desenvolver uma teologia cristã nacionalista, para exercer um maior controle sobre a população.
Em 7 de agosto, o jornal People Daily informou que o diretor da Administração Estatal de Assuntos Religiosos da China, Wang Zuoan, anunciou que as autoridades locais trabalharão mais para promover a teologia cristã Chinesa que está de acordo com a "condição nacional da China".
"É um sinal muito negativo que mostra realmente que o governo chinês quer controlar ambas as construções físicas e a doutrina cristã que se ensina nesses lugares", indicou Sooyoung Kim, diretora regional do International Christian Concern para o sudeste asiático em Washington, ao grupo ACI em 12 de agosto.
Este anúncio surge como resultado de uma campanha "anti-igreja" realizada na província de Zhejiang, zona conhecida como a "Jerusalém da China", onde mais de 360 templos foram parcial ou totalmente demolidos, incluindo a igreja cristã de Sanjiang cujas obras de construção terminaram no ano passado.
Em 13 de agosto, a cruz da igreja da Salvação de Shuitou, localizada na cidade de Wenzhou, foi arrancada após quase dois meses de vigília na qual os cristãos se mantiveram no lugar para protegê-la. Em uma tentativa anterior de tirar a cruz, conhecida como a Cruz JuiEn, a polícia agrediu os cristãos com barras de ferro, deixando pelo menos quatro deles com ferimentos graves.
Kim assegurou que estes ataques foram feitos com a desculpa de ser um projeto de embelezamento urbano mediante a destruição ou modificação de edifícios considerados como estruturas ilegais. Entretanto, muitas destas Igrejas estavam aprovadas pelo estado e não existe uma lei que proíba as cruzes nos edifícios.
Os funcionários do governo "já realizaram algo parecido em edifícios seculares, mas existe uma grande desigualdade na quantidade de Igrejas e cruzes que foram eliminadas em comparação aos edifícios seculares", expressou Kim.
Enquanto as Igrejas construídas em casas ou as Igrejas não registradas, registraram um aumento na perseguição desde 2008, os atuais ataques contra as Igrejas aprovadas pelo governo não têm precedentes.
"O governo quis repreender às Igrejas subterrâneas porque é consciente do rápido crescimento do cristianismo e que isso está saindo do controle", assinalou Kim. O "governo chinês sempre é muito sensível ante qualquer percepção de ameaça a seu poderio, seja ela ideológica ou de outra índole".
"Esta é a primeira vez que vimos uma ofensiva massiva contra as Igrejas por parte do governo e muitas pessoas se perguntam o que está acontecendo".
É muito difícil que a destruição das Igrejas e a eliminação das cruzes na província de Zhejiang terminem em curto prazo, advertiu Kim. "Estamos acompanhando muito de perto este assunto e até agora todos nossos contatos disseram que não há sinal algum de um cesse imediato".
International Christian Concern lançou uma petição ao governo chinês para que coloque fim à eliminação das cruzes e à demolição das Igrejas, posto que estas ações são ilegais segundo a Constituição da China. A organização planeja entregar a petição ao embaixador Cui Tiankai.
Apesar da perseguição religiosa que enfrentam muitos cristãos chineses, Kim expressou sua esperança e fé, inclusive quando a cruz física está sendo arrebatada.
"Sinto-me muito esperançada pelos fiéis desta terra. Eles dizem que querem lutar, lutar até o final", afirmou Kim. "Eles não estão seguros de poder manter elevada a cruz física, mas estão convencidos de que têm que ser fiéis e não ter medo à injustiça".